
Assim como a morte está para a vida, a seca está para o semiárido. A certeza de que ela vai atacar não é novidade. O imperador Dom Pedro II chegou a prometer a última jóia da coroa para salvar o sertanejo em 1877, em uma das estiagens que matou milhares no sertão. Com 147 de seus 167 municípios dentro do chamado "Polígono das Secas", o Rio Grande do Norte acusa o golpe economicamente, em atividades produtivas diretamente ligadas às precipitações. Agricultura, pecuária, apicultura e cajucultura formam um pacote comprometido pela falta d'água. Entretanto, é no aspecto social que o impacto surge mais devastador. A convivência ainda desequilibrada com a seca ceifa mais do que emprego e renda. Mexe com as perspectivas de vida no campo. No RN, o governo calcula que 500 mil pessoas foram afetadas somente nas zonas rurais. Os efeitos se disseminam em cadeia econômica. Sem a chuva, a agricultura de sequeiro - do feijão, milho e mandioca - ficou praticamente inviabilizada. A falta de pasto comprometeu a alimentação dos animais, que tombam de fome e desidratação nos currais. As mortes e o rebanho magro minam a produção de leite, refletindo na oferta do produto e gerando desemprego nas fábricas de laticínios. O retrato árido não deixa espaço para a flora, o que extermina a produtividade dos enxames na geração de mel. Em grande parte plantada em sequeiro, a cajucultura potiguar prevê uma redução forte na safra. O quadro preocupa, e deve piorar com o prolongamento da estiagem.
LEIA MAIS EM DN ONLINE.